O Sangue Profano

O Sangue Profano
Meu Sangue profano, prove-o...

domingo, 26 de setembro de 2010

(liberd'arte)

Liberdade onde não há idade
Mas se acaso me deixe tão fixo
Eu grito e lamento por isto
Rasgo-me e sangro-me com lirismo
Com lágrimas escritas

Mas se acaso me deixe tão livre
Eu grito e transpiro emoções
Recomponho-me e deito-me sobre os frutos
Sacio minha fome e planto as sementes
E colho-as para a próxima primavera

Sensibilidade aflorando sem luxo
Deflora-se selvagemente pelo o impulso
Seguindo permanentemente o influxo
Das correntes quebradas perdendo seu uso
E estou livre outra vez

Liberdade ao sorrir e ao chorar
Pois ao chorar, minhas lágrimas se libertam
Já não estão mais fixas
Ao sorrir, liberto-me do exílio
Cantarei a linda canção

Mas se acaso me sobre um não
Eu não desisto, eu resisto
Eu resisto a isto
Eu crio e me recrio, eu insisto
E novamente me liberto disto

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

(Nem todos podem)

É, nem todos os pássaros podem voar
Nem todas as árvores podem saltar
Nem todos os homens podem amar

domingo, 19 de setembro de 2010

(Vida de Poeta)

Deixe-me viver para sempre
mesmo que o sempre não seja agora
deixe-me morrer só neste momento
para nascer a toda hora

nascer num cemitério
para sentir-me mais vivo
sentir-me mais velho

Fecho meus olhos e sinto o vento
assim, penso
fecho as janelas e ouço o silêncio
que já não sai da minha mente

A poesia sussurra em meu silêncio
a pressa da maioria dos versos
já não me interessa
quero morrer lentamente

Sinto que há algo de podre à minha volta
as sementes não florescem mais
os frutos já estão amargos, não amadurecem
o pólen já não esconde o mal cheiro

Os podres frutos caem sobre o campo
os pobres insultos sobre os santos
os poderes e surtos dos puritanos
há algo de podre à minha volta
mas, deixe-me viver para sempre

sábado, 18 de setembro de 2010

(Favela do Rei)

Eu acordei na favela do rei
reinventei toda lei da favela
favelado já pode ser príncipe
principal de um reino bem simples
simplesmente acabei com o pobre
pobreza não tem por aqui
aquisição de dinheiro não há
haverá é o bem bem comum
comunidade aqui é real
realidade do bem sobre o mal
maldição já perdeu a razão
razoável que seja assim
assimila com a repressão
repreendida do início ao fim

e o samba nasceu
pois agora eu posso cantar
pois meu samba é bem diferente
sei que já tem um tanto de gente
que já quer e já pode sambar

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

(Com tudo isso)

Com todas essas ondas azuis
Que formam poesias suaves
Que pintam belas nuvens e aves
Que bordam tecituras nas ruas
Que me faz ter mais prazer

Com todos esses filhos chorando
Que regam toda a morte e fome
Que mexem com a dor do homem
Que aparece ajuda e sempre some
Que me faz enlouquecer

Com toda essa beleza
Que furta minha tristeza
Que me trás o lirismo
Que reje o meu cantar
Que me faz ter que viver

Com todo esse vai e vem
Que mentem e riem da gente
Que mordem e nos devoram
Que dão e logo roubam
Que me faz não entender

Com todo esse amargo e doce
Que cruzam com nossas vidas
Que nos tornam humanos
Que nos deixam sem saída
Que me faz no fim morrer

Com toda essa poesia
Que amacia nossa vida
Que nos permite pensar
Que nos trás a solução
Que me faz renascer

Com toda essa que
Com todas essas
Com todo esse que
Com todos esses
Com todo esse me faz,
Me faz agradecer